Dez horas da manhã. Olho para o radio-despertador e penso "como será que está o dia?" Lá fora está um tempo nublado com vento, tendências para chuva forte. Levanto, coloca água para esquentar em uma chaleira, e vou para o meu banho. Aproveito para fazer a barba e logo me arrependo depois de cinco cortes no meu rosto. Após o banho a água já está fervida e preparo meu café. Pode ser um dia como qualquer outro, porém não vejo garça nele. Onze e meia, resolvo colocar uma roupa, não se pode ficar em casa nú o tempo todo. Sento e enfim, me vem a inspiração (e com ela, a chuva). Começo a escrever mais um monólogo, triste, sem graça e irritante. è o que diz minha percepção. Nada diferente de todos os outros. Até que me encontro escrevendo a trigésima oitava folha do que poderia ser considerada uma "história romântica". Treze e trinta. O estômago ronca, mas não de fome, e sim de repulsa. Repulsa pela escrita infâme que demorei horas para colocar no papel. Horas preciosas que poderiam ser melhor aproveitadas. Releio o que escrevi e quanto mais me adentro, mais parece que não fui eu quem escreveu tudo aquilo. Foi então que me dei conta de que o sol brilhava lá fora. Não seria normal escrever coisas desse cunho em meio a um dia nublado, frio e tempestuoso. Palavras que, mais uma vez, não podem ser reutilizadas. Bem, ao menos tentei. Mais uma vez. Quinze horas e vinte minutos, hora do almoço. Minha vida desregrada trouxe certos privilégios. Por exemplo, nunca preciso fazer muita comida e sempre tenho algo prático na mão. Não que eu tenha preguiça de cozinhar. Pelo contrário, eu amo isso. Mas tem hora que bate as preguiça, como agora. Ao comer me volta tudo na mente. Rapazes, garotas, relacionamentos e desavenças, tudo que no papel estava agora se passa em minha mente. Tenho medo de voltar para o que seria uma profissão de final de semana e acabar escrevendo uma coisa banal daquelas que se lê mas não se interpreta. Dezesseis horas e quarenta minutos. Me vigio para não pensar bobagens. Dezessete horas e dez minutos. Perco a linha de raciocínio. Dezessete horas e cinquenta minutos. Simplesmente não consigo mais me controlar. Dezoito horas e vinte minutos. Enfim, resolvo "descansar". Minha mente já não suporta a escrita que acabo de retirar dos confins de minhas crenças. Algo relapso que não estava por entre minhas entranhas. E agora está ali, vivo no papel. Dezenove horas, e estou exausto. Exauri todas minhas forças na vã tentativa de não pensar. Mas por fim veio tudo isto me atormentar. Me adeito sobre a mesa e deixo que todos estes papéis me selem. Por fim tenho algo escrito, do começo ao fim. Queria algo que fosse algo prestável. Um ensaio de talvez cem folhas, porém não tudo isso. Passagens seriam citadas, mas eu não gastaria o seu tempo com isso. Perdido no tempo, no espaço e no clima. Sou interrompido pelo barulho incessante do radio-despertador. Sete horas da manhã. Me esqueço de tudo. Afinal um sonho. Sonhei, e como de costume me qesqueci. Sete e dez. Começo minha rotina diária como um relógio faz tic-tac. Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac.
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