prisão natural do ser humano

É hilário como o ser tem uma prisão em si próprio. Não por ser denominado por esse nome, mas por exercer tal controle que mesmo quando se desvencilhado disto que vos falo a sensação é como se o mundo tivesse perdido toda a graça, os caminhos não fossem tão nítidos assim e que os anos voaram bem em frente aos seus olhos.

Quantas pessoas ao redor do mundo são enganadas pelo seu conforto em relação a tudo. Isso só me leva a pensar de toda a negatividade que eu puxei pra todos os lados que isso possa exercer sobre o meu ser. Tanto a ponto de dizer que tal coisa não existe. 

Porém é certo que estímulos nervosos, hormônios e tudo mais, além do próprio ser, dançam em sua música eterna desde os primordios e assim será até a época de armagedom. 

Lembro-me agora de algo em forma de uma fogueira, está lá, com suas brasas que nunca se findam e seu calor vago que de tempos em tempos abrange uma região um pouco maior do que aquela que normalmente deveria circundar. Lá, sentado ao seu redor percebo que tenho que me lançar nesta fogueira. Outra vez. Isto sempre retornou a mim de uma forma ou de outra. Não tem como escapar de suas chamas crepitantes ou simplesmente de seu calor abrnagente. 

O mais sensato a fazer seria fugi, mas e as forças? pra onde foram?

o primeiro pisão na lua

Um dia como qualquer outro, com uma variante inegável, tem algo que nos faz lembrar do que nos acompanha todo santo dia.

Todo santo dia. Aquela mesmice não passaria de uma mesmice atrás da outra se não fosse pelo inegável fato de que pisamos na lua. Pisamos não, alguém pisou, mas não estou citando figuras desse gênero e sim de linguagem.
Pisamos na lua todo santo dia porque temos como fazer isso, combustível para nos impulsionar é o que não falta. Obstáculo natural da barreira da mesmice, a lua é apenas uma figura, e um universo de possibilidades diante dela, e esse "pisão" sobre ela, é o que muda cada dia repetitivo em nossa vida.
Pisar na lua seria uma etapa, foi um marco gigantesco na istória, mas em nossas vidas acontece todo santo dia. Mas hoje é marcado um dia para ser "especial" como na data do primeiro "pisão" na lua. Pra mim isso não é necessário.
Todo santo dia, pra mim, é uma viagem só de ida para a lua. Tenho combustível suficiente, e está ao meu lado. Basta olhar. Sei que está lá e confio cegamente nas direções que meu coração toma em relação a isso. Tenho combustível suficiente, e está ao meu lado.
Cada viagem a lua é diferente, como todo santo dia, que não é mais aquela mesmice, porque, é claro, vou a lua. Todo santo dia.
Não é preciso investigar a fundo pra saber do que eu falo, não tem nada nas entrelinhas. Meu combustível se resume em uma palavra apenas. Muito melhor do que sentir a leve brisa do verão na praia. Alias, juntar as duas coisas é que seria bom. Viajar para a lua com a brisa da praia.
Enfim, estou indo para a lua agora. Me perturbem, me perturbem muito, vocês é que são o combustível dessa viagem, os que tornam todo santo dia, a melhor mesmice diferenciada que pode existir para mim. A melhor.






Feliz dia do amigo, amigos.

Estrela

Hoje eu vi nascer uma Estrela. Eu sei, ela não nasceu assim, agora, de uma hora pra outra, mas agora vejo os raios do dia em que ela nasceu. Demoraram pouco mais de dezesseis anos para me alcançar mas do jeito que me envolveram sei que não tenho mais como me desvencilhar dela.

O seu brilho é exemplar, me deixa perplexo toda vez que olho. Sempre está diferente, parece até sorrir para mim. Essa Estrela brinca com minha mente, faz-me imaginar várias situações, e lembrar-me de muitas coisas. Me traz desejos e até mesmo aflições, mas o seu brilho me renova e novamente me deixa boquiaberto.

Hoje, ao me lembrar que esta Estrela era nada além de uma nuvem de poeira, irreconhecível e sem brilho algum, que antes não poderia enchergar e nem mesmo sonhar em tocar. Ao me lembrar de como seus raios me transformam e da forma que seu brilho exprime sentimentos afora de mim, vejo que essa Estrela não é apenas qualquer uma em um céu de bilhões.

Estrela que de um céu tão vasto de mim chamou atenção, tornaste minha noite mais clara, meu aconchego mais doce, meu ser mais alegre e minha alma mais ardente. És para mim incomparável, e gostaria eu de sempre poder te avistar, por mais que o céu seja nublado as vezes, sei que estarás lá. Espero apenas que minha voz a ti se achegue, nas alturas deste céu imenso, e demonstres o quão importante te tornastes para mim, Estrela que ilumina, só sei ver como és linda.

insistência

É, você insiste em fazer parte da minha vida. E eu insisto em dizer que você não é nada nem tem força alguma. 

Você está aí, frágil, querendo parecer gigante, demonstrar autoridade e até mesmo uma certa perversidade. Querendo arrebatar para si todos os sonhos que passam por perto, pensas ter o direito de intervir e as vezes até estraga-los com suas garras.

Insisto em dizer que você não é nada.

No final, podes ser sempre ultrapassada, alias, és sempre ultrapassada pois força alguma detêm o que vêm a ser verdadeiro. Não sei como dizer-te isto mas tomes juízo Distância, tu não tens essa força toda. Somente pareces um muro, mas muros podem ser pulados. Por mais longo que seja o oceano, a navio ou até mesmo a nado é possível atravessá-lo. Se fostes uma unidade espacial, demoraria o tempo que fosse necessário, mas não irias separar-me de buscar o brilho de alguém com quem tenho vontade de estar, sorrir e abraçar. 

Insisto em te dizer, não terás chance de afastar, o que em minh'alma já está. Tomes juízo e aceites que não sou eu que faço parte de ti. Tu é quem faz parte comigo.




Pra você, que eu tanto amo, e que os quilômetros a mais nunca vão ser suficiente para me deixar distante. Pra você!

ponto

troquei de folhas, apontei as pontas de meus lápis, mas não adiantou. Tentei esboçar no papel o que estive desenhando em minha mente. Transpor pensamentos para mostrar ao mundo o que se passava aqui comigo, em vão. Afinal, como seria o desenho de uma mente cheia apenas da mesma coisa?

Esbocei o máximo que pude, mas não passou de um ponto. Um ponto! Algo que não pode ser mensurado, medido ou sequer explicado. Um não-limite em minha mente. Foi então que me dei conta do quanto estava correta a minha representação.

Em minha mente vejo linha tênues que se juntam para formar algo que não tem forma, nem dimensão. Só vejo este mesmo reflexo cada vez que fecho os olhos, e fixo minha mente nisso tudo, pois não há nada mais, só isto. Um Espírito, algo indomável que por mais que eu tente, nunca entenderei. Este ponto, em minha mente só tem o teu reflexo. E volto sempre a fechar os olhos, somente para ver você.

capítulo primeiro: passagens somente de ida.

Era verão em nosso hemisfério. Claro que eu prefiro o inverno, é muito mais tranquilo. O frio me enche de preguiça. Tenho vontade apenas de ficar enrolado em meu cobertor, sentado no sofá em baixo da janela e ouvir música ou apenas esperar o tempo passar. Mas o Verão já estava por aqui, tudo se tornava mais corriqueiro e a minha vida prática abaixo da janela olhando o lago se transformava de uma forma radical.

Era no verão que minhas cabanas se enchiam de turistas. Alguns vinham para passear, outros vinham para conhecer o lugar todo e também explorar algumas áreas além. Talvez essa tivesse sido a melhor idéia que eu já tive, não era necessário trabalhar o ano todo pelo que eu lucrava todo o verão. Afinal aquela terra herdada por mim de meu avô era antes um fardo, até que me ocorreu transformá-la em um camping. Eu mesmo construi as cabanas, tempo sempre me sobrou. Mal o verão começava e as cabanas logo se enchiam, era como se abrisse uma jaula com milhões de pombas sedentas por planar livres no ar novamente, e meu verão se tornava corrido, mais uma vez.

Uma nova rotina se criava, eu tinha de receber meus hóspedes, apresentá-los à equipe que cuidava das coisas por aqui, e levá-los até a cabana reservada, era simples e fácil se não fosse por um pequeno fato incomodativo: eu odiava estar na companhia de outras pessoas. Passava o ano todo lá, apenas eu, Drake, Taila e Lia. Drake era o labrador mais bonito que eu já vira em toda minha vida, meu cão mais velho e talvez mais amado. Taila era uma linda dalmata, quando encontrei a pobrezinha ela havia sido atropelada na estrada que leva até "meus domínios", levei-a para casa e a tratei, meu conhecimento veterinário era pequeno, porém serviu para hoje ela ser essa cadela ágil, esperta e saudável. Lia eu nunca via, era estranho o quanto uma gata negra poderia se dar tão bem no meio de um lugar como aquele, ela aparecia nos invernos e geralmente ficava deitada do lado de fora atraz da lareira. Embora os cachorros se implicassem um pouco com ela, a convivência entres os três era pacífica. Minhas únicas conpanhias confiáveis. Pessoas não eram confiáveis, nem mesmo a família. 

Enfim, a primeira família havia chegado e lá estava eu denovo fingindo ser uma pessoa receptiva. Era um homem gordo, careca e bigodudo a quem um menino ruivo que não tinha mais do que onze anos estava chamando de pai, e acompanhando os dois mais duas mulheres, uma senhora idosa de cabelos curtos e loiros e uma outra de meia-idade que seria bonita se não fosse o excesso de maquiagem e as perceptíveis falhas de uma possível reconstituição facial, provavelmente colocadas ali por um acidente de carro. Outra coisa que nunca consegui frear, eu era perfeccionista em vários detalhes, e muitas vezes estava certo. Era bater o olho em uma pessoa e percebia características que as outras dificilmente veriam, e isso ocorria com mais frequência e exatidão quando eu estava em "meus domínios". Típica família em que o marido havia programado as férias com a mulher e o filho e tvce de trazer a sogra junto, pela cara de animado que o careca chamado Silvio fazia, eu havia acertado novamente. Levei-os até a cabana escolhida e a última coisa que vi da colina a uns vinte metros da casa, foi o guri ruivo correndo atráz de um gato preto. Pobre Lia, talvez fosse sofrer um pouco nesse verão.

Das cinco cabanas de "meus domínios", três já estavam ocupadas. Uma pela família do senhor Silvio, que era um homem engraçado, apesar da pose de rígido, a cabana mais proxima da dele estava com um bando de amigos, três rapazes e três moças, só de olhar para a cara de um deles já pensei na imagem exata para descrevê-los: encrenca! E a outra, a mais proxima de mim estava ocupada por aquela moça da cidade mais proxima que vem aqui todos os verões e fica sempre na mesma cabana. Toda vez ela me diz seu nome, mas eu me esqueço assim que ela passa pela porta, e não sai de lá até o verão acabar. É a única que me deixa pensativo, não tenho uma imagem física dela, ela sempre chega com um manto diferente, e o seu rosto está sempre encoberto por aquele longo cabelo castanho cacheado. Realmente, ela me instiga um pouco mais do que os outros, tirando o horário das refeições, ela raramente sai. Me pergunto se ela tem algum segredo como eu e não pode fazer o que eu faço durante todo o ano.

de olhos fechados

É, a verdade se perdeu.

Simplesmente era ofuscante, como se não bastasse a dúvida da incerteza aquilo estava lá a jogar seus raios impetuosos sobre meus olhos já cansados de olhar e tentar achar sozinho uma resposta, mas não era resposta o que eu queria. Simplesmente era como a decomposição de um prisma que se focava num ponto só, como bombas hetéreas decendo do céu de encontro ao solo a fim de transformar tudo que em um certo raio haveria de existir, mas não eram para destruir.

Quando dei por mim estava de olhos fechados, porém mesmo de olhos fechados podia ver a luz. Era como se um raio de lus solitário adentra-se por um pequeno orifício e refletido em milhões de diamantes se tornasse aquela forma invisívelque feria minha vista mas não minha mente. Eu me negava a olhar, pois sabia que se meus olhos fossem abertos seria como olhar para a Medusa, como pedra ficaria paralizado, mas não seria pedra, seria ainda eu. Paralizado eu tentaria em vão me controlar para não ir de encontro a seu semblante, mas isto para mim seria impossível.

De repente a Verdade se perdeu, foi-se num vácuo longínquo praguejando sobre os lugares que passava. Eu não precisava de verdade, não naquele momento, e talvez em momento algum fosse precisar denovo. Tinha meu proprio Sol a frente de mim, o que seria de uma verdade junto de seus raios luminosos e escaldantes?

Prólogo: Palavras, concretos de um fim.

Começou como qualquer outra coisa, naquela manhã não tinha nada em mente, só o que viria a fazer na tarde. E como sempre, não era lá muita coisa que viria a fazer. Sabe como é, vida fácil tranquilidade, nenhuma exigência. Pessoas simples andam pelos próprios caminhos sem se preocupar com o desfecho de tudo. Mas aquele era um desfecho que me importava, mas não durante a manhã. Eu olhava pela janela e contemplava comigo o lago que sempre esteve lá e por muitas outras gerações estaria. Estava lá o que eu queria avistar, mas eu olhava sem ver, com os olhos fixos em um ponto e o pensamento lá longe, em outras coisas e situações.

O tempo se esvai e quando menos se vê é a hora de começar a peleja, como sempre dizem, se você fica parado vê tudo correr em sua volta, mas não faz nada para mudar, e naquele dia estava pronto a fazer as coisas tomarem rumo. Nunca fui muito bom no que eu estava indo fazer, mas era a última vez, a última chance. Talvez tenha sido informação demais pra mim saber de tudo o que haveria de saber, por fim nunca saberei com alguma certeza. Me faltará sempre o instinto para discernir aquele olhar, de odio se não repulsa, porém viçoso e certeiro, pentrante como as palavras que pensava vir a pronunciar. Nada além do comum, palavras fortes sempre vieram à minha boca quando foram necessitadas, enfim, tudo iria ter um fim, não o desejado, porém um fim.