de olhos fechados

É, a verdade se perdeu.

Simplesmente era ofuscante, como se não bastasse a dúvida da incerteza aquilo estava lá a jogar seus raios impetuosos sobre meus olhos já cansados de olhar e tentar achar sozinho uma resposta, mas não era resposta o que eu queria. Simplesmente era como a decomposição de um prisma que se focava num ponto só, como bombas hetéreas decendo do céu de encontro ao solo a fim de transformar tudo que em um certo raio haveria de existir, mas não eram para destruir.

Quando dei por mim estava de olhos fechados, porém mesmo de olhos fechados podia ver a luz. Era como se um raio de lus solitário adentra-se por um pequeno orifício e refletido em milhões de diamantes se tornasse aquela forma invisívelque feria minha vista mas não minha mente. Eu me negava a olhar, pois sabia que se meus olhos fossem abertos seria como olhar para a Medusa, como pedra ficaria paralizado, mas não seria pedra, seria ainda eu. Paralizado eu tentaria em vão me controlar para não ir de encontro a seu semblante, mas isto para mim seria impossível.

De repente a Verdade se perdeu, foi-se num vácuo longínquo praguejando sobre os lugares que passava. Eu não precisava de verdade, não naquele momento, e talvez em momento algum fosse precisar denovo. Tinha meu proprio Sol a frente de mim, o que seria de uma verdade junto de seus raios luminosos e escaldantes?

Prólogo: Palavras, concretos de um fim.

Começou como qualquer outra coisa, naquela manhã não tinha nada em mente, só o que viria a fazer na tarde. E como sempre, não era lá muita coisa que viria a fazer. Sabe como é, vida fácil tranquilidade, nenhuma exigência. Pessoas simples andam pelos próprios caminhos sem se preocupar com o desfecho de tudo. Mas aquele era um desfecho que me importava, mas não durante a manhã. Eu olhava pela janela e contemplava comigo o lago que sempre esteve lá e por muitas outras gerações estaria. Estava lá o que eu queria avistar, mas eu olhava sem ver, com os olhos fixos em um ponto e o pensamento lá longe, em outras coisas e situações.

O tempo se esvai e quando menos se vê é a hora de começar a peleja, como sempre dizem, se você fica parado vê tudo correr em sua volta, mas não faz nada para mudar, e naquele dia estava pronto a fazer as coisas tomarem rumo. Nunca fui muito bom no que eu estava indo fazer, mas era a última vez, a última chance. Talvez tenha sido informação demais pra mim saber de tudo o que haveria de saber, por fim nunca saberei com alguma certeza. Me faltará sempre o instinto para discernir aquele olhar, de odio se não repulsa, porém viçoso e certeiro, pentrante como as palavras que pensava vir a pronunciar. Nada além do comum, palavras fortes sempre vieram à minha boca quando foram necessitadas, enfim, tudo iria ter um fim, não o desejado, porém um fim.